
Não vamos imaginar que todas as implicações que envolvem o título: “A empresa familiar: conflitos”, possam ser tratadas em um artigo. O tema é complexo e varia de situação para situação, mas algumas particularidades podem ser tratadas de forma genérica, e é disso que pretende esse artigo.
A proposta é estimular que você reflita sobre o tema e racionalize alguns aspectos que, normalmente são tratados com alta carga emocional nessas empresas, o que costuma prejudicar a todos.
Pronto para esfriar a cabeça? Continue a leitura e reflita comigo!
A empresa familiar: conflitos e emoções
Comecemos pensando nas emoções, em que empresa familiar os assuntos do dia a dia são tratados sem o ingrediente “emoção”? Podemos responder, sem medo de errar, que se em alguma empresa familiar esse ingrediente foi eliminado, tal fato ocorreu depois da iniciativa dos envolvidos em se policiar e tratar as questões de frente e com comprometimento em melhorar o desempenho da empresa. Mesmo assim, é difícil imaginar que nunca mais a emoção influenciará alguma decisão.
Pois bem, o primeiro fato que avaliaram na busca de uma solução, provavelmente, deve ter relação com os efeitos dos ingredientes decorrentes da mistura de um ambiente profissional e familiar na empresa. Fora a mencionada emoção (ou guerra de competências) nas tomadas de decisões e defesa de pontos de vista, outros ingredientes seriam:
- tratamento informal, ou não profissional;
- falta de controle ou monitoramento: o que pode parecer desnecessário quando confiamos uns nos outros;
- descontentamentos não relevados: ao invés de discutidos com respeito, são colocados na hora errada de maneira rude; e,
- finalmente, como decorrência de todos os ingredientes mencionados “o prato principal”: o boicote.
A empresa familiar: emoções e seus efeitos
Os efeitos da tomada de decisão baseada nas emoções são um tanto quanto evidentes, especialmente considerando o contexto do que é empreender no Brasil, mas principalmente contribuem para potencializar a variável da tentativa e erro. O “jogo” empresarial convive com essa variável, mas esse é um aspecto do jogo que deve ser minimizado com qualidade de informação sobre o mercado e sobre a empresa e com decisão baseada nessas informações, e não na experiência pessoal ou nas emoções.
Tentativa e erro
Experiência aliás, tem valor relativo no jogo, pois é relacionada ao passado, a forma como acontecia, que pode ter mudado, e que, freqüentemente, muda. Não quero dizer que a experiência não tenha seu valor, pois ela colabora para desenvolver habilidades e nos dá pistas dos melhores caminhos. Ainda assim, ela não pode servir como único parâmetro para tomada de decisões.
Tratamento informal
Quanto ao tratamento informal, os efeitos são difíceis de observar, pois ocorrem gradativamente. Não é pôr pertencemos a mesma família, que devemos no ambiente da empresa, tratar nossos familiares diferente da forma que tratamos qualquer outro.
Não estou falando de um tratamento estritamente formal, como aliás não precisa ser o tratamento dispensado a ninguém na empresa. Mas nem todas as liberdades que tomamos no ambiente familiar podem existir no trabalho. Idéias diferentes podem fazer a empresa crescer pois aprendemos com quem é diferente da gente, mas só se dispensarmos um tratamento e um relacionamento profissional com quem quer que seja.
Falta de controle
A falta de controle acaba tendo efeito sobre as tomadas de decisão, pois hoje, se observa essa questão para a obtenção de informações e não apenas para evitar desvios. sendo assim, podemos substituir a palavra controle por monitoramento, para que tenhamos isso bem claro.
Falas explosivas
Quanto a relevar descontentamentos, essa é uma prática comum no ambiente familiar que é extremamente nociva no empresarial e para a liderança, pois leva a discussão em momentos errados.
Aliás, os outros podem estar ocupados com algo importante, seguindo o caminho que consideram ideal, já que outras opiniões e caminhos estão guardados a sete chaves. Essas divergências vão sendo relevadas, até que a pessoa descontente “explode” em emoção — muitas vezes até “feridos”.
Boicote de ideias
Em decorrência dessas variáveis, temos o boicote, que é a tomada de decisão baseada em impressões pessoais, sem consulta aos outros. Por isso, algumas ações decorrentes dessa decisão surpreendem, boicotando outras, já que são opostas.
Em outras palavras, cada um puxa a empresa para um sentido diferente, como em um cabo de guerra. No entanto, muitas vezes o boicote é intencional, decorrente de disputas dignas daquelas travadas por irmãos durante a infância.
A empresa familiar: seus efeitos e soluções
Você pode dizer que tudo isso é muito fácil de observar e me perguntar: como resolver? Sinto, não existe uma receita de como fazer, que possa ser aplicada em todos os casos, mas podemos relacionar uma sequência de passos na busca de soluções. São eles:
- encare e reconheça o problema: não adianta esperar que qualquer problema se resolva sozinho, ainda mais esse, ele existe, é real, e você já notou seus efeitos várias vezes, reconheça o fato e se proponha a resolver;
- esclareça: os pontos de vista, idéias e diferenças devem ser tratados em momento especialmente reservado para tal e sempre que houver necessidade de feedback ou uma proposta de mudança;
- elimine discussões sem propósito: se não for para decidir algo não existe nenhuma necessidade de discutir;
- determine objetivos: quando algo precisar ser analisado e discutido, isso deve ocorrer sem interrupções, em local propicio, rapidamente, com pauta e objetivos determinados. Estamos juntos para decidir algo e desenvolver uma ação especifica que deve ser determinada e aceita pôr todos. É assim que ocorre em uma empresa: formalmente;
- elabore um planejamento: o planejamento é primordial em qualquer empresa, nele definimos estratégias, objetivos, metas e a visão da empresa sobre o mercado, a concorrência e a operação interna;
- formalize o seu plano: decisão só tem serventia se resultar em ações, portanto determine responsáveis, suas metas e prazos. De preferência, uma forma de ter certeza de que tudo sairá como planejado e acertado, o que você só vai saber, se monitorar as ações.
Desenvolver um raciocínio comum, uma missão comum, e valores comuns é essencial para evitar o “cabo de guerra”, ou seja: que cada um trabalhe de acordo com os seus próprios valores, visão e missão. Mas lembre-se, elaborar uma missão não adianta absolutamente nada, se for apenas para colocar um quadro na parede. As pessoas precisam ser envolvidas.
E é com essa afirmação que concluímos nosso post: “A empresa familiar: conflitos”, um ótimo tema para interagir.
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