Considere a globalização o pensar sobre o trabalho remoto

Ouvimos falar de globalização o tempo todo, mas nem sempre relacionamos o trabalho remoto aos seus efeitos. O fato é que ela começou muito antes que a pudéssemos perceber, na época em que aprendemos a navegar e começamos a atravessar oceanos. A velocidade que ela se concretiza como tendência hoje é tão grande, que corremos o risco de entender suas influencias tal qual como foi, não como é e muito menos como será. Por isso, este texto foi pensado para te ajudar a perceber as oportunidades que ela abre para todo o profissional. Confira!

Um breve histórico da globalização

As multinacionais começaram a ganhar o mundo no século passado, sendo interrompidas apenas pelas guerras e crises, o que garantia a competitividade era a capacidade de investimento e outros pontos fortes relacionados principalmente ao seu poder corporativo. Nesse período os custos de transporte diminuíram, assim como os de comunicação, mas ainda não se tratava da tecnologia de que dispomos hoje, falo do motor a vapor, das ferrovias, telégrafo, telefonia e das versões iniciais das tecnologias contemporâneas, ainda precárias, limitadas e caras.

Os primeiros passos rumo ao trabalho remoto

No processo que se seguiu a capacidade de integração individual é que passou a mover a tendência. Atualmente, qualquer um pode se conectar ao mundo a um custo irrisório. Se você perder a sua bagagem nos Estados Unidos e ligar para o serviço de atendimento da companhia, pode ser atendido por um indiano, com sotaque e nome de americano, que trabalha em um call center na Índia. Da mesma forma, se for pedir um Big Mac no drive-tru de um Mac Donald’s no Missouri, vai ser atendido pelo interfone por um profissional que igualmente estará em um call center a 1.450 quilômetros de distancia, em Colorado Springs. Ele repassará seu pedido e sua foto para o responsável por separar e entregar o seu lanche, que estará a poucos metros. Radiologistas americanos estão terceirizando a elaboração de laudos de tomografias para médicos indianos e australianos, contadores terceirizam serviços contábeis e o trabalho pode acontecer enquanto dormem. O americano envia a solicitação no final do expediente e vai para casa, enquanto isso, o indiano está acordando. No outro dia o americano encontrará tudo pronto em seu computador. Eu mesmo poderia ter encomendado uma pesquisa para escrever esse artigo para um indiano, me concentrando exclusivamente na leitura do material e no conteúdo. Isso significa economia de tempo e aumento de produtividade, o que vale muito dinheiro. Não é mais uma questão de poder e sim de criatividade, agilidade e visão de oportunidade.

A superação das resistências à mudança

A tendência da globalização gera uma contra tendência que favorece o regionalismo. Afinal, somos invadidos por uma cultura diferente e a reação natural é defender a nossa própria. Mas principalmente os indianos entenderam isso de forma bem diferente, quando ele atende um americano, passa a se chamar Bob e fala inglês com sotaque de americano, se fosse um inglês ou canadense, outra equipe o atenderia, cada uma passou pelo que chamam de “curso de neutralização de sotaque” especifico para a parte do mundo que irá atender. A educação na Índia foi levada a sério, e ninguém precisa ter medo da qualidade do trabalho que irá receber, muito pelo contrário, eles estão preparados. Ah! Mas isso está tirando emprego dos americanos — alguns podem dizer. Errado! Ao menos não foi o que aconteceu. Se você é um contador, por exemplo, e não precisa se concentrar mais em atividades rotineiras e mecânicas, pode se dedicar em buscar alternativas mais viáveis e lucrativas para seus clientes, como melhorar o atendimento e ajudar que ele pague ainda menos impostos com sua consultoria. Ao fazer isso, o seu trabalho terá mais valor para o cliente, isso quer dizer mais clientes, o que quer dizer maior necessidade de mão de obra e qualificada.

A contrapartida comercial

Além disso, a relação comercial tende a gerar uma contrapartida. A ideia não é apenas comprar, mas vender também. Foi exatamente o que aconteceu, de 1990 a 2003 a exportação dos Estados Unidos para a Índia, cresceu 2,5 bilhões de dólares. O mercado indiano cresceu com os empregos. É lógico que se você tem uma fábrica no Brasil e resolve terceirizar a produção para os chineses, vai sofrer com o impacto que isso terá sobre a imagem da sua empresa e os concorrentes vão ajudar nisso. Vão falar para todo mundo que você é o pior ser que já existiu no nosso planeta. Mas isso é apenas uma outra variável que não pode ser desconsiderada, se a medida vier junto com o investimento em qualificação da sua equipe, preparando-a para funções nos departamentos que não serão terceirizados, com uma ação de comunicação que mostre ao mercado que você não demitiu e sim investiu e aumentou o status e salários de seus colaboradores, a concorrência não terá muita fofoca para fazer. E você vai precisar de pessoal, não vai? Estará mais competitivo. Alem disso, profissionais mais qualificados, precisam ganhar mais para permanecer.

As oportunidades do trabalho remoto

Por tudo isso, não importa se você mora em uma cidade pequena ou em uma grande. Você pode preferir qualquer um desses lugares para viver, e acho que todos deveriam viver as duas realidades, mas as oportunidades estão em toda a parte. Em “O Mundo É Plano – Uma Breve História do Século XXI“, Thomas Friedman fala do pensamento de Anney Unnikrishnan, gerente de pessoal de um callcenter na Índia: “Posso trabalhar para uma multinacional sem sair daqui. Assim, continuo comendo meu arroz com sambar (um prato indiano típico), não preciso aprender a gostar de salada de repolho e bife frio. Para que eu iria para os Estados Unidos?” O mundo está aí, nessa tela a sua frente. Como anda o seu sotaque? Quais habilidade precisa desenvolver? Qual idioma precisa conhecer? Se responder a essas perguntar e tomar as atitudes para se preparar, pode aproveitar a globalização e aderir ao trabalho remoto para mundo além das fronteiras mais próximas. Pensando nisso, que tal refletir um pouco sobre a realidade brasileira? Acesse a postagem:
Entre as dificuldades para empreender no brasil: o governo.
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