Entre as dificuldades para empreender no brasil: o governo.

Não será a primeira ou a última vez que você ouvirá sobre as dificuldades de empreender no Brasil, mas neste texto faremos isso de um modo diferente, em um passeio lúdico sobre alguns aspectos elementares da economia que vale a pena conhecer para todo empreendedor.

É uma histórica fictícia sobre como as coisas se complicam quando o governo atrapalha e sobre a necessidade de eliminar isso. Mas não vamos nos demorar com a introdução! Desde já, obrigado pela visita e uma boa leitura para você. Confira comigo!

A dinâmica do comércio

Basta uma volta na vizinhança para notar que há comida disponível no mercado, veículos, bicicletas, computadores e todo o tipo de ofertas. Você não precisa fazer muito para que estejam lá. Funciona assim:

  • alguém resolve plantar o trigo;
  • outro produz farinha;
  • há quem prefira extrair sal;
  • usinar açúcar;
  • produzir fermento;
  • queijos;
  • e tudo mais que é necessário para que, no final, um pizzaiolo possa preparar a margherita que você decidiu comer em uma quinta-feira.

Esses produtores não se conhecem. Alguns talvez se odeiem por suas diferenças religiosas, raciais, ideológicas e essas distinções mesquinhas que, felizmente, não são partilhadas por todos nós.

Mas mesmo eles, desconsideram suas divergências para que você possa receber sua pizza. E, mesmo se você tiver uma necessidade especial, como odiar coentro ou abominar inocentes passas, existe alguém disposto a resolver o seu problema.

As escolhas que fazemos movem batalhões de pessoas diferentes interessadas em melhorar suas próprias vidas, unidas sem se dar conta disso e de bom grado. Todos fazem isso tomando decisões independentes, muitas vezes egoístas e, se preciso, alguns decidem trabalhar após o horário. De algum modo, esses planos pessoais se encaixam e beneficiam a todos.

Há enganos e defeitos que costumam apontar nesse sistema, que é claramente orgânico. O mais “adorado” deles é o fato de que algumas pessoas se saem melhor porque detêm privilégios, o que cria injustiças. O modelo é questionado porque é tido como perverso.

Afinal, muitas pessoas passam fome, enquanto outras desperdiçam bens e recursos com gastos exagerados. Para evitar isso e desenvolver um modelo mais justo, muitos defendem a ideia de que é preciso interferir nesse sistema, que produz desigualdades nocivas em razão dos excessos de empresários gananciosos.

Desse modo começam as dificuldades de empreender no Brasil

Então, alguém resolve que é preciso que o Estado gere mecanismos e outorgue autoridade para um responsável por se certificar de que tudo seja abundante e comercializado de uma forma justa. É quando um suposto “ministro da pizza” do pretenso bom governo assume a incumbência de fazer as coisas valerem a pena.

Como se fosse possível para um governo central decidir por nós sobre “o que vale a pena”, todos devem agora se sujeitar a regras e procedimentos sobre como a pizza deve ser feita, comercializada e distribuída.

Imbuído de um objetivo aparentemente nobre, “o interventor” cria algumas obrigações como normas sobre as embalagens, a largura da porta de entrada, proíbe a borda recheada, determina a quantidade de sal dos queijos e vários outros controles e entraves, que agora ocupam parte do tempo que o pizzaiolo usava para fazer a pizza que você queria.

Mas não é só para quem produz que o trabalho fica mais difícil. O próprio ministro mal consegue controlar as embalagens dos estabelecimentos do bairro, quem dirá as do país. Tão pouco é capaz de definir soluções adequadas a cada pessoa, de cada região. Isso porque essa opção de interferência e regulação desconsidera o caráter orgânico da economia e do tecido social.

O colapso do sistema

Além disso, logo o ministro nota que os incentivos de consumo que determinou provocam falta de trigo e esse seguimento também passa a precisar de interferência do “bom governo”.

Em decorrência, outros insumos deixam de ser produzidos e falta soja, milho e arroz, o que estimula as pessoas a comer pizza e, como aumenta a demanda pelo produto, o preço sobe e é preciso mais interferência e rigidez nas regras de punição.

Nesse ponto, o dono da pizzaria já não sente que o seu negócio vale a pena como antes. O sistema entra em um ciclo de interferências, agora necessárias para resolver os problemas criados por outras interferências.

Ao final, o sistema colapsa e chega o momento no qual, no lugar de favorecer que mais pessoas recebam o que necessitam, todos precisam conseguir mais dinheiro para pagar pelo que desejam.

Como poucas pessoas conseguem alcançar um patamar de consumo favorável, a riqueza produzida é menor, o poder de compra diminui, aumenta a desigualdade e a escassez de produtos.

O livre mercado não é perfeito. Está longe disso. Mas a tentativa de controlá-lo como se alguém tivesse competência e meios suficientes para movimentar a sociedade, como se fossemos peças obedientes de um jogo de tabuleiro, é de uma pretensão e soberba sem limites.

A sociedade não é tão determinada

A sociedade não é uma orquestra sinfônica composta por profissionais virtuosos que funciona como um relógio. Ela é diversa, cheia de variáveis de influência, de imprevistos e de gentes que, ao contrário do que gostaria o nosso interventor, têm a audácia de pensar e decidir por si mesmas.

As pessoas respeitam as leis que fazem sentido para elas e se rendem aos estímulos que permitem a melhora das suas próprias vidas. Se o ministro da pizza decidir cobrar um imposto abusivo no queijo, haverá quem se sinta estimulado a contrabandeá-lo e o interventor não terá como controlar isso plenamente.

Quanto maior a burocracia que ele decidir impor, mais trabalhoso e ineficiente será o controle e maior será o estimulo a desvios éticos, como o contrabando.

O sistema supostamente perverso que promove a livre escolha e a troca voluntária uniu a humanidade em propósitos comuns, produziu mais alimentos e solucionou mais problemas do que qualquer outro.

As inconsistências e as desigualdades exageradas precisam ser resolvidas, bem como o desenvolvimento de mecanismos que permitam uma disputa justa, mas muito mais com a eliminação de incentivos a práticas ruins e imorais que, inclusive, fabricam desigualdades, do que com controle e correções autoritárias.

O Estado máximo

Qualquer empreendedor competitivo “vende a alma” para elaborar meios de garantir que cada vez mais pessoas estejam em condições de comprar mais e mais soluções na forma de produtos e serviços.

Devemos deixá-los em paz! Concentremos energia e trabalho em punir excessos e crimes, quando ocorrerem. Usar mão de obra escrava, por exemplo, não á ganância capitalista, é crime mesmo — concreto e despresível.

Não se trata de defender o tal do Estado mínimo. O termo pode parecer inadequado porque já estamos diante de um Estado pequeno na educação, na segurança, na saúde e na sua capacidade de promover a igualdade que prega ser sua prioridade. Isso depois de décadas nas quais, em nome da produção dela, o tamanho do governo cresceu como nunca e fez dele um paquiderme.

No final das contas, exigir a igualdade plena é como obrigar o Neymar e o Messi ao uso de calçados escorregadios, para que possamos jogar bola com eles de igual para igual.

Se, como você deve ter pensado, um deles usar do artifício de simular quedas ou assumir qualquer outra prática abusiva, é justo que existam mecanismos punitivos para coibir a competição injusta, mas só.

Talvez você até queira jogar esse jogo supostamente igualitário promovido por chuteiras lisas nos pés dos craques, mas dificilmente aceitaria pagar ingresso para assisti-lo.

O bom jogo depende do talento, seja do jogador, seja do empresário, seja do trabalhador, mas nunca de um bom governo, mesmo que a intenção seja boa e louvável em termos humanos.

Essa visão não significa que a defesa de uma sociedade mais livre e de um Estado com menos poder considere o bem estar algo indesejável.

Apenas revela a percepção de que o governo é incapaz de promover a vida que desejamos, como se fosse um deus que vê tudo, sabe do tudo e interfere em tudo com precisão, justiça e perfeição. Ou é isso que você o tem observado fazer?

Por tudo isso, na próxima vez que alguém sugerir mais regras e fiscais depois de algo dar errado, como forma de evitar que se repita, lembre que, ainda que haja boa intenção nessa proposta, na prática ela pode se tornar mais uma das dificuldades para empreender no Brasil.

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Fotos: Designed by Freepik

5 Comentários

  1. […] Sobre esse mecanismos perverso, confira a postagem: Entre as dificuldades para empreender no brasil: o governo. […]

  2. […] a valorização da cultura organizacional e da capacidade de realização de seus clientes. Quem empreende, especialmente no Brasil, enfrenta dificuldades, burocracias e desafios enormes, o que muitas vezes impede uma dedicação maior a adoção de boas práticas de gestão. […]

  3. […] baseada nas emoções são um tanto quanto evidentes, especialmente considerando o contexto do que é empreender no Brasil, mas principalmente contribuem para potencializar a variável da tentativa e erro. O “jogo” […]

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