3 fontes de estresse no trabalho remoto — baseado em estudo da Gartner

Estresse do trabalho remoto

Este texto é uma reflexão sobre as observações de alguns líderes de RH, que responderam a uma recente pesquisa da Gartner sobre trabalho remoto. O estudo revelou que 93% deles relatam preocupação crescente com a fadiga dos colaboradores.

Muitos profissionais trabalham a mais de um ano no regime remoto e parece que a conta chegou. Algumas empresas fecharam definitivamente os escritórios e não dão sinais de voltar ao antigo modelo, mas vão precisar de adaptação.

Afinal, observar quase todos os profissionais preocupados é um alerta. Independentemente do fim do isolamento, aprender a lidar com a situação inclui conhecer as principais fontes do estresse e é o que faremos nas próximas linhas. Acompanhe!

A preferência pelo trabalho remoto

“Muitas das estratégias que as organizações estão empregando para garantir a produtividade estão, na verdade, exacerbando esses fatores de fadiga.”

Alexia Cambon, diretora do Gartner

O texto da Gartner aponta a flexibilidade do trabalho remoto como um ponto positivo, o que é levado em conta por 55% dos funcionários ao considerar a permanência na empresa. Para a maioria deles (quase 70%), essas expectativas aumentaram com a pandemia tanto quanto o desempenho — 55% dos colaboradores com opções de escolha têm alto desempenho, contra 36% dos que atuam com horário fixo.

Ou seja, oferecer flexibilidade se tornou importante para a retenção de talentos durante a pandemia. Segunda a Gartner, as pesquisas também sugerem que um modelo de trabalho que combine o remoto e o presencial é positivo para a inovação, a produtividade e a colaboração em equipe.

As três fontes de estresse no trabalho remoto

Para aproveitar a oportunidade e desenvolver formas mais dinâmicas de trabalho, o que inclui a adoção desse modelo híbrido, as empresas precisam reaprender a gestão de pessoas. Já não é de hoje que muitas organizações se dedicam ao desenvolvimento de modelos que considerem resultados, entregáveis e prazos, no lugar do tempo dedicado a cada tarefa, mas é cedo para dizer que são todas bem-sucedidas na execução prática desse formato de gestão.

Com a pandemia, veio a adoção imediata e não planejada do trabalho remoto. Depois de pouco mais de um ano nessa aventura, surgiram novos desafios. Três deles identificados no estudo. Vejamos cada um deles.

Distrações digitais

Se você imaginou que as grandes distrações do trabalho remoto são o cachorro de estimação e as crianças jogando bola na sala — o que não é uma comparação —, você errou. São as distrações digitais que foram apontadas como problema e elas são 2,54 maiores no trabalho remoto.

84% dos líderes de RH aumentaram os investimentos em ferramentas digitais com a intenção de gerar ganho de produtividade, mas elas contribuíram para distrações e prejudicaram a concentração — ao menos segundo observou a grande maioria dos entrevistados.

Sobrecarga virtual

O trabalho virtual gera alto desgaste cognitivo. Segundo 75% dos profissionais de RH, isso ocorre em função do aumento no número de pontos de contato digitais. Por isso, esses colaboradores têm a percepção de que precisam dedicar mais esforço do que antes.

Como agravante, há incentivo para o contato virtual frequente entre colegas por parte de 83% dos líderes. A intenção é diminuir a frieza do distanciamento, mas o efeito prático é o aumento da sobrecarga de estresse. O ideal parece ser deixar que eles decidam a melhor hora e o melhor modo de interagir.

Constante atividade mental

A maioria dos colaboradores em regime remoto relata uma dificuldade maior de se desconectar do trabalho. Para 40% deles, a jornada aumentou nos últimos 12 meses. Eles sentem pressão para estarem conectados o tempo todo e muitos (94%), chegam a forjar uma conexão, quando sabem que ela é monitorada.

Para exemplificar a situação, a diretora Alexia fez uma analogia tão boa no texto, que não dá para deixar de citá-la novamente. Ela disse:

“Imagine dirigir um carro enquanto um esquilo pula na frente do seu automóvel a cada 40 segundos. Essa é a sua distração digital. Agora adicione um passageiro próximo a você que não para de falar. Essa é a sua sobrecarga virtual. Por fim, coloque o carro em uma rodovia sem placas de saída. Essa é a sua mente sempre ativa.” 

O que fazer daqui em diante

Recentemente, a colaboradora de uma empresa parceira da ICH, uma grande multinacional de tecnologia, desabafou sobre os problemas do trabalho remoto. Segundo ela, o início foi empolgante. Todos estavam felizes com a ideia de nunca mais precisar voltar ao escritório.

Ainda que se trate de uma grande empresa, estruturada e digitalizada, o processo de mudança do escritório ocorreu do dia para a noite, sem planejamento antecipado, o que, a parte de alguns exemplos bem-sucedidos, trouxe inconvenientes para a maioria das organizações.

Ao que parece, mudamos felizes para o trabalho em casa, motivados pela flexibilidade que ele nos traz, mas logo os colegas deixam de responder com a urgência que gostaríamos. Afinal, no mundo virtual eles têm essa opção e, assim que a percebem, tendem a usá-la.

Como resultado, o fluxo de trabalho é comprometido. Para diminuir o problema, surgem controles adaptados, pressão e estresse. Depois disso, o risco é de que a empresa entre em uma bola de neve, na qual controles inadequados geram estresse, que gera diminuição da produtividade, que resulta em mais controle.

As empresas e líderes devem abandonar a tentativa de replicar o modelo do trabalho de escritório no trabalho remoto — uma visão compartilhada com a da Gartner. Mais do que nunca, é preciso renunciar aos antigos controles baseados em tempo dedicado. Primeiro que isso não pode ser controlado à distância, segundo que o que importam são as entregas de qualidade e dentro do prazo.

O que acha? O estresse está afetando o seu trabalho? Deixe o seu comentário!

Foto: Creativeart – br.freepik.com

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